Nenhum estado brasileito tem tanta negligência por parte do seu território como o Ceará têm pelo Cariri, no tocante a distribuição de Gás, todas as capitais nordestinas têm projetos para a utilização desta matriz energética limpa e de baixo custo.
Nossos vizinhos pernambucanos têm um projeto de distribuição de Gás Natural a partir do Recife até cidades distantes como Araripina, na divisa com o Piauí e Petrolina, divisa com a Bahia, ambos com distâncias superiores há 800 quilometros da capital. Juazeiro do Norte não pode esperar um plano estadual no Ceará têm que ver fontes alternativas, como se inserir no projeto pernambucano postulando um Ramal a partir de Salgueiro via Cedro-Jardim-Barbalha. Cidades como Feira de Santana, Caruaru, Mossoró, Campina Grande (inaugurado em 2.005) já dispõe deste serviço.
A Copergás - empresa Pernambucana disponibiliza o transporte para o interior através de carretas. A Cegás, empresa cearense, deveria ter um nome que abrangece apenas a RMF - Região Metropolitana de Fortaleza. O fato não é completamente ignorado, há estudos que revelam possibilidades remotas apesar da RMC ter distribuição viável segundo o mesmo.
Desenvolvimento industrial sem a utilização de Gás não existe, se todo estudo para um novo DIC não incluir um gasoduto para o Cariri melhor ficarmos com o antigo DIC.
O FORNECIMENTO DE GÁS NATURAL – O GASODUTO PARA O CARIRI E ALTERNATIVAS
Em qualquer parte mundo, hoje, fonte de energia limpa e sustentável é uma das questões mais discutidas quando o assunto é desenvolvimento econômico sustentável. As matrizes energéticas adotadas na maior parte do planeta ainda são de fontes predatórias e degradadoras do meio ambiente.
O desenvolvimento econômico do nordeste brasileiro – contrapondo com suas características geológicas, climáticas e ambientais – tem como uma de suas bases a industrialização. Para movimentar essa rede produtiva, no entanto, é necessário um volume muito grande de energia, o que ainda não existe de forma limpa, em quantidade satisfatória, quando se adentra no interior do Nordeste, e mais especificamente o Estado do Ceará.
O quadro atual da região do Cariri / Araripe é preocupante. Seu parque industrial cresce rapidamente e a energia para movimentá-lo é originária, quase que totalmente, de duas fontes: hidráulica (hidrelétricas) e vegetal (lenha e carvão), sendo esta última a mais utilizada, principalmente para abastecer os polos gesseiros e as cerâmicas localizadas naquela região. São duas fontes que elevam bastante os custos da produção – o custo da primeira (energia elétrica) onera bem mais do que o da segunda (lenha /carvão) – e causam grandes impactos ambientais na região de onde são produzidas/extraídas.
As florestas da Chapada do Araripe vêm sofrendo intensa depredação, com o seu desmatamento provocado pela extração da madeira para transformação em carvão ou para a queima in natura, em forma de lenha. Além do mais, essa fonte energética é uma das que possui um dos maiores potenciais poluidores da atmosfera. Para neutralizar essa agressão, seria necessária a instalação, em todas as indústrias que se utilizam dessa fonte de energia, de filtros e equipamentos antipoluentes de alto custo aquisitivo e de manutenção, o que inviabilizaria uma grande parte dessas empresas.
Para reverter o quadro atual, sem o prejuízo do desenvolvimento almejado, somente a mudança da matriz energética que faz “rodar” todo o parque industrial do Cariri seria a solução. Os empresários e as lideranças políticas atuante na região do Cariri/Araripe sabem disso e, conjuntamente, estão buscando essa nova matriz, quando, junto à Petrobras, tentam viabilizar a construção de um gasoduto na região.
Assim, o gás natural passaria a fazer parte (marcante) dessa nova matriz energética, diminuindo o custo da da produção, revertendo o quadro de degradação da Chapada do Araripe e reduzindo as emissões de poluentes na atmosfera. Sem sombra de dúvidas, esse seria, também, um dos fortes fatores de atração para o assentamento de novas indústrias na região e para a revigoração do atual quadro industrial.
Em sua fase de projeto, a princípio com viabilidade somente em um prazo mais longo, o ramal do gasoduto caririense tem origem no Gasoduto Meio Norte, ainda também em fase projetual, e que se O polo gesseiro do Araripina é constituído por 38 empresas mineradoras, 139 calcinadoras e mais 350 produtores de premoldados em gesso, responsável pelo abastecimento de 95% de todo o gesso consumido no país e por exportação para países tais como Estados Unidos, Noruega, Portugal, Islândia e Itália desenvolverá entre o Porto do Pecém e a Cidade de São Luiz, no Maranhão. O projeto prevê, para o futuro, a construção de mais de 2.600km de gasoduto em território cearense e pernambucano e abastecerá o Iguatu, a Região do Cariri e o polo gesseiro de Araripina.
Alternativamente, pelo fato de ainda não haver demanda suficiente que venha a viabilizar a construção do referido gasoduto, de acordo com a Companhia de Gás do Ceará (CEGAS), essa empresa está estudando a possibilidade de, em médio prazo, fornecer Gás Natural Liquefeito (GNL) para a região do Cariri, dentre outras do Ceará.
O processo consta da construção, no Porto do Pecém, de tanques para armazenamento do GNL oriundo através de navios, de vários produtores internacionais, de onde o gás seria transportado por carretas e/ou trem para os vários destinos, num raio de 700km. Essa tancagem de GNL, a ser construída pela CEGÁS, aproveitaria o fornecimento de GNL para a Usina de Regaseificação da Petrobras, já instalada no Pecém, e que representa uma vantagem competitiva do Estado do Ceará no fornecimento de energia mais limpa (apenas o Rio de Janeiro tem usina semelhante).
Para o Cariri, a princípio, o processo de transporte do GNL poderia ser misto: do Pecém à Missão Velha seria usado o trem; de Missão Velha até determinada aglomeração industrial (muito provavelmente em um distrito industrial) o transporte seria feito por carretas. No destino, estrategicamente nesse distrito industrial, o GNL passaria por processo de regaseificação em ambiente projetado para tal, e daí o gás natural seria distribuído para os diversos consumidores através de um rede local a ser projetada e construída pela CEGÁS. De acordo com o diretor técnico-comercial da CEGÁS, Raimundo Barroso Lutif, hoje já existe uma demanda, no Cariri, para 20.000m³ de gás/dia, volume este que torna o projeto viável.
Uma alternativa (complementar) para a determinação de uma nova matriz energética para impulsionar o parque industrial do Cariri seria o aproveitamento do gás metano que será produzido a partir do aterro sanitário regional que o próprio Governo do Estado, através da Secretaria das Cidades, está projetando para a Região. O aterro, com macrolocalização prevista para uma área situada entre Juazeiro do Norte e o Crato, ao norte do Rio Salgadinho, e que será operacionalizado por um consórcio envolvendo dez municípios da Região, está sendo projetado para receber um volume de lixo da ordem de 350t/dia. Esse volume, de acordo com a CEGÁS, é suficiente para produzir 350.000m³ de gás metano/dia, que por sua vez irá produzir 175.000m³ de gás natural/dia. O processo de transformação do gás metano em gás natural seria feito no próprio aterro, daí sendo transportado, provavelmente em carretas, para a central de distribuição a ser localizada junto à estação de regaseificação do GNL. Todo o sistema seria operacionalizado pela CEGÁS.
Com a implantação dessas duas fontes de energia limpa na região caririense, nas quais a CEGÁS aposta na viabilidade e se compromete a investir, se estaria garantindo toda a condição de preservação das matas da Chapada do Araripe, bem como oferecendo a condição ideal para o desenvolvimento e a atração de novas indústrias para a Região.
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