quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Juazeiro do Norte-CE: Editorial do DN reclama esvaziamento político e econômico do Cariri


Um recente editorial do Jornal Diário do Nordeste, sob o título "Calcário Bloqueado" denúncia o que considera uma das piores crises de desestruturação econômica, esvaziamento político e de falta de perspectiva para o futuro. De acordo com o texto, o processo de descentralização das atividades industriais alcançou apenas a Região Metropolitana de Fortaleza, Sobral, na Zona Norte do Estado, e bem poucos municípios dispersos pelo semiárido. O agronegócio, por sua vez, criou algumas ilhas de prosperidades nos Perímetros Irrigados do Dnocs, no Planalto da Ibiapaba e na Chapada do Apodi, principalmente.

No Sul do Ceará, algum impulso econômico surgido nos últimos tempos decorre das condições excepcionais da região, alimentadora de um mercado consumidor espraiado pelo raio de 200 quilômetros do seu entorno e do impulso proporcionado pelo turismo religioso fazendo circular, anualmente, três milhões de fiéis na região. Juazeiro do Norte - centro dessas romarias - não enfrenta adversidades por receber, a cada dia, grupos de centenas de visitantes, responsáveis pela ocupação de sua rede hoteleira, de bares, restaurantes e pelo giro contínuo de seu comércio e dos serviços essenciais.

Entretanto, o Vale do Cariri como um todo se ressente do desmantelamento da agroindústria da cana-de-açúcar, base de sua economia agrária e, neste ano, de modo especial, da baixa pluviosidade reduzindo substancialmente a produção de milho e feijão, culturas sucedâneas do açúcar e do etanol, com a falência da única usina de açúcar existente na região. Sem produção no campo, o êxodo rural é visível, notadamente para o corte da cana existente no Centro-Oeste.

Neste clima de crise conjuntural, os municípios de Nova Olinda, Santana do Cariri, Farias Brito e Altaneira acolhem parte da mão-de-obra regional, ociosa em razão da seca, na exploração das jazidas de calcário existentes, sob a forma de lajes para piso - a chamada pedra Cariri - ou o calcário cristalino. Santana e Nova Olinda produzem, a cada ano, 80 mil toneladas de pisos utilizados pela indústria da construção civil em borda de piscinas, varandas, praças e avenidas.

Há, na região, uma cooperativa de mineradores e 80 microempresários dedicados a esta atividade produtiva. Apenas 15% utilizam máquinas cortadeiras para o aproveitamento dos blocos. O restante é feito sem emprego de tecnologia. Há, igualmente, outros extratores funcionando de forma irregular porque, desorganizados, não conseguiram ainda a liberação da licença ambiental para tanto. O Ibama promoveu na região o fechamento de 12 mineradoras de calcário, provocando o desemprego de 1.800 trabalhadores. Agora, ameaça ampliar sua ação coercitiva, em defesa do meio ambiente e do formalismo legal para exploração desses recursos naturais.

A lei existe para ser cumprida. No meio rural em crise, com o predomínio de pessoas sem vivência com a burocracia oficial e relutantes em cumprir seus trâmites, a melhor saída consiste na mobilização do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado e de entidades e órgãos acreditados para assessorarem os trabalhadores das pedreiras, regularizando essa atividade semi-industrial junto ao Ibama, sem necessidade de medidas policialescas. Seria uma forma de incentivo.

Fonte: DN via Miséria

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