segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A economia que gira além das romarias


CIDADES DO CARIRI



A economia que gira além das romarias

Não é segredo para ninguém que o turismo religioso foi (e ainda é) a principal mola propulsora da economia do Cariri. Porém, há algum tempo, não é só da fé dos romeiros que sobrevivem as três maiores cidades da região: Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (Crajubar).
Universitários, executivos de grandes empresas, empreendedores e profissionais liberais especializados estão, cada vez mais, interessados em morar e trabalhar em um dos locais onde o crescimento urbano é mais evidente no Estado: a Região Metropolitana do Cariri (RMC).

Franca expansão

"Todos as atividades econômicas daqui estão em franca expansão. No comércio, a expectativa é de crescimento de 15% sobre o ano passado", festeja o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Crato, Geraldo Pinheiro. Na visão dele, o melhor medidor para avaliar o desempenho econômico de um município são os setores de construção civil, material de construção e o próprio mercado imobiliário. "Atualmente, o segmento de imóveis está superaquecido. Há fila por casas no Crato; a construção civil está em alta, inclusive, com o problema de falta de profissionais, como pedreiro, para absorver a demanda; e o setor de material de construção deve subir 20% em vendas ante igual período de 2009", diz.
Segundo Pinheiro, mais empreendimentos e investidores com visão de futuro estão se estabelecendo no Cariri. As provas são a diversificação de oportunidades de negócios que estão surgindo com esse impulso regional. "Somos, hoje, o terceiro maior polo calçadista do Brasil. Mas empresas de diversas áreas continuam chegando e gerando emprego", ratifica. Ele lembra a chegada da TV Verdes Mares Cariri há pouco mais de um ano e da grande circulação do Diário do Nordeste na região. "Esses veículos de comunicação são um marco na história da nossa terra e mostram como estamos evoluindo. Essas empresas ajudam a mudar o fluxo da informação, que antes era único: da Capital para cá e, agora, as pessoas de outras regiões é que ficam sabendo das notícias daqui. Dessa forma, investidores ou quem quiser vir para cá, ficam bem informados sobre o que está acontecendo no Cariri", analisa Pinheiro.

Crajubar

Ele explica que a união das três cidades, o triângulo "Crajubar" é o principal motivo para a pujança da região. "Tenho um irmão que mora no Crato, dá aula em Juazeiro e também trabalha em Barbalha. Ele já morou muitos anos em Fortaleza, mas não se arrepende de ter voltado para cá", comenta, recorrendo a mais exemplos para explicar o crescimento da região. "Ao todo, somos cerca de 450 mil pessoas. Temos uma posição geográfica privilegiada, pois servimos de referência para várias outras cidades cearenses e de mais quatro estados que fazem limite. Isto porque suas capitais ficam longe".
Outro aspecto levantado por Geraldo é a quantidade de cursos e universidades que atraem estudantes de vários locais. "O Cariri é um polo educacional e recebe alunos de várias lugares. Meus três primeiros filhos precisaram sair e estudar em Fortaleza. Já a caçula faz medicina aqui mesmo. É um exemplo de como é importante pulverizar a educação pelo interior. O profissional é feito aqui mesmo".

Ônus do progresso

O progresso pode trazer problemas se não for ordenado. É aí que entra o poder público ao dar condições de infraestrutura para propiciar que o progresso continue com o mínimo de ônus possível. Para o representante da CDL do Crato, apesar dos investimentos em rodovias, metrô ligando Crato a Juazeiro, com possibilidade de ser estendido para Barbalha; construção do hospital regional de grande porte; e outros equipamentos essenciais para a evolução de qualquer sociedade, há falhas que podem prejudicar essa pujança do interior. "Já existem alguns gargalos típicos dos grandes centros, como expansão da violência, trânsito complicado e falta de investimentos públicos em determinados setores. A verdade é que o setor público não acompanhou a iniciativa privada no Cariri", cita Geraldo, colocando o aeroporto de Juazeiro do Norte como exemplo disso. "Estamos deixando de receber grandes aeronaves até com passagens mais baratas por falta de estrutura do nosso aeroporto - maior entrave no meu ponto de vista, atualmente".

ILO SANTIAGO JÚNIOR
Repórter

Fonte: DN

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